Wednesday, 27 May 2020

ÁFRICA

Mãe os teus filhos parecem não gostar de ti;
Pois eles fazem de tudo para distanciarem-se de ti;

Dizem que não tens nada para os dar;
Por isso emigram para melhores condições de vida alcançar; 
Muitos por falta de dinheiro ou oportunidades não chegam a emigrar; 
Outros tantos arriscam e morrem durante a travessia no mar;
Dizem que mais vale a vida arriscar, do que contigo ficar

Uns chamam-te de mãe, mas tratam-te como madrasta;
Como podes ser miseravelmente pobre, se a tua riqueza é vasta?

Os teus filhos mais velhos nunca quiseram saber de ti;
Eles criaram comércios e guerras para matar os mais novos, e tirar proveito de ti;
Do teu ouro, diamante, petróleo e marfim;
Venderam-te para homens que só queriam gozar de ti;
Disseram que os meios justificavam os fins.

Esses homens para os quais foste vendida; prostituíram-te, estupraram-te, maltrataram-te,
Escravizaram-te, exploram-te, roubaram-te, espiritualmente mataram-te, 
Economicamente desgraçaram-te, culturalmente destruiram-te, moralmente envergonharam-te.

Com passar do tempo alguns dos teus filhos revoltaram-se contra os homens que te exploravam,
Mas nem todos que por ti revoltaram-se, realmente te amavam;
Hoje percebe-se que foi pelas riquezas que nunca tiveste, mas dizem teres que eles lutaram,
Os teus filhos sacrificaram; sangues e lagrimas derramaram.

Eles alegaram que a prioridade deles seria resolver os teus problemas;
Mas depois de te terem liberto, criaram mais tantos outros problemas;
Todos somos teus filhos, mas só come em condições os que fazem parte do sistema;
Nada é feito honestamente, tudo é a base de esquema.

Todos querem o poder, 
Mas querer não é poder, 
E o poder, nem todos podem ter,
Então matam-se pelo poder,
E tu nada podes fazer,
Além ver, ouvir, calar e sofrer.

Por: Sebastião Xirimbimbi

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